terça-feira, 27 de abril de 2010

The Beatles na FLAMA, 28 de Agosto de 1964

A FLAMA com um título que fazia pensar....vejam lá dentro que esta é de antologia.



Preparava-se o filme Hard Day's Night para estrear no S. Jorge em Lisboa e o jornalista fazia considerandos sobre as origens e a história dos Beatles...working class heroes de Liverpool que já tinham facturado 43 milhões de dolares em 1963..."Nenhuma inovação num estilo descoberto no Negrume"...errado!


Depois escolheram a dedo "jovens" do seu tempo para dar a opinião sobre o fenómeno...e tudo jovens com nomes bem Portugueses: Daniel Von Bonhorst, Maria Beatriz Lacerda Werneck.


Nesta página os cromos acham "... que os Beatles não atraem, são propaganda, música com pseudo-gritos e que são a imagem da decadência dos jovens e que em Portugal só gosta dos Beatles uma minoria da alta burguesia que sofre de miopia mental..." Ena pá, acertaram, estes jovens já eram velhos e a cheirar a môfo!


Mas continua, agora para dar uma ar mais intelectual, cá temos o  produtor radiofónico para o qual os Beatles "... reflectem o mais lamentável sector da época que atravessamos"  a empregada comercial fica bem na fotografia  "se eles viessem cá era a loucura...ritmo é contagiante"  agora quem não adivinhou mesmo foi a correspondente de línguas estrangeiras, pequena muita culta, que acha o ".. fenómeno é como uma gripe de inverno, custa a aturar mas depois passa..."  um editor musical diz que "... as vendas são boas mas sem roçar o fabuloso....e que o trecho com mais saída foi o CANT'T  BY ME LOVE..."  Ó Pázinho, errado! era Can't Buy Me Love, tá bem! 

Pronto, pronto...para o fim temos o Sr. Padre que diz com toda a candura "...estes meninos Ingleses que já não se distinguem das meninas, têm provocado revoluções por onde passam... confio no bom senso da nossa juventude..." agora é que eu percebo porque têm surgido tantos casos  de pedofilia na igreja, o problemas deles é não saber distinguir os meninos das meninas....Guedelhudos!

3 comentários:

Teresa disse...

Fascinante. E de antologia.
Nada de novo. Gente estúpida sempre houve e sempre haverá.

Fizeram-me lembrar a célebre frase atribuída a Mme. de Sévigné: «Racine passera comme le café.»

Viu-se. Olha, boa ideia! Vou beber um café para comemorar! :)

JCC disse...

Uma verdadeira pérola, salazarismo em todo o seu esplendor.

Abel Rosa disse...

É verdade...o modo perfeitamente manipulador e com aquele aparente registo entre a "Antropologia" a "Sociologia" e a "Sacristia" deixa-nos á beira de um ataque de riso...mas eram assim aqueles tempos, tristes, cinzentos e medonhos, o que vale é que já passou...ou talvez não!