sábado, 10 de abril de 2010

The beat goes on

O meu sócio já homenageou devidamente esta data crucial no calendário dos Beatles, calendário breve mas que, a provar a sua imensa grandeza e intemporalidade, transpôs o tempo, chegou aos nossos dias e continuará vivo depois de nós.

Esta é uma entrada repetida, minha, tem dois anos. Não lhe mudo uma linha, porque é assim que o meu amor os vê. Beatles Forever!

Dez de Abril de 1970. Paul McCartney anuncia oficialmente o fim dos Beatles.

Sou capaz de disputar ao estalo com o mais apaixonado dos fãs dos Beatles o privilégio de ser a fã mais devotada. Ainda assim, não considero esta uma data triste. Importante, sim. Significativa? Muito, muitíssimo. Mas... All Things Must Pass. Tudo tem um fim. O deles foi glorioso.

Oito anos incompletos de produção discográfica. Treze álbuns originais que fizeram História e são História. Em 2004 a Rolling Stone deu-lhes o n.º 1 na sua lista dos cem maiores artistas de sempre (e já tinham passado 34 desde a dissolução do grupo...). Para mim, já se sabe, são um amor imorredoiro, como o são os grandes amores.

A separação era inevitável, adivinhava-se. Os quatro cresciam em direcções diferentes. O Álbum Branco (1968) já é ominoso — é uma criação musical magnífica, mas é uma manta de retalhos em que se ouve de tudo um pouco, ao sabor das influências pessoais que cada um dos quatro ia sofrendo. A separação, mantenho, foi no momento certo. Retiraram-se como a Garbo, no auge da fama, da adulação, da histeria. Não há um único disco menos bom, por mais que razões sentimentais nos façam pender ora para este, ora para aquele, como o grande eleito — só me ocorre um outro caso semelhante, outro amor-fanatismo meu: Simon & Garfunkel. Os Beatles (como Mozart) são um grande amor meu, sabe-se. E um grande amor interrompido antes de acabar corre o grande risco de não morrer nunca — tem o fascínio melancólico dos sonhos não realizados. Voltará sempre para nos assombrar outros amores, para se lhes sobrepor, para os invalidar, será sempre a referência, a pedra de toque, o termo de comparação. Sábios Beatles!

Lembro agora, enternecida, que não pude dar a este blóguio o URL desejado — beatlesforever.blogspot.com — porque um miúdo de 13 anos (agora 17) da Carolina do Norte se antecipou. Na altura fiquei irritadíssima, o miúdo criou e largou, o blóguio tem um único post debilóide, até hoje. Mark de Raleigh, estás perdoado.

Dez de Abril de 1970 — eu com nove anos — , comunicado à imprensa (this is the stuff legends are made of):

«(...) Spring is here and Leeds play Chelsea tomorrow and Ringo and John and George and Paul are alive and well and full of hope.
The world is still spinning and so are we and so are you.
When the spinning stops — that'll be the time to worry, not before.
Until then, the Beatles are alive and well and the beat goes on, the beat goes on.»

Deixo-vos com a mesma sequência de músicas que inaugurou este cantinho de tributo, gratidão e saudade imensa. E a lembrar a primeira mensagem escrita com votos de bom ano que me entrou no telefone em 2001, passavam dois minutos da meia-noite. Era do Vítor (que por acaso estava do outro lado da mesa, na Bica do Sapato) e dizia:

«And in the end the love you take is equal to the love you make.
Quase nunca é assim. Mas connosco é.»


É a última frase da última música do último disco dos Beatles. É o testamento. É o legado.

2 comentários:

António P. disse...

Parabéns pelo blogue.
Cheguei cá via "Dias que voam".
Também assinalo os 40 anos "sem" Beatles lá na minha tasca e aproveitei para vos linkar.
Não é necessário agradecer :))
Bom fim de semana.

Teresa disse...

Bem-vindo, António. :)
Gostamos sempre de ter novos leitores, mais ainda se vêm de um sítio tão especial como o Dias que Voam.